sexta-feira, agosto 16, 2013
segunda-feira, setembro 17, 2012
A Primavera- Jean-François Millet

E abertamente votei o meu coração à terra grave e sofredora, e, muitas vezes, na noite sagrada, lhe prometi amá-la fielmente até à morte, sem receio, com o seu pesado fardo de fatalidade, e não desprezar nenhum dos seus enigmas. Assim me liguei a ela por meio de um vínculo mortal.
-Friedrich Hölderlin, A morte de Empédocles
domingo, março 04, 2012
Aquele que se deixa prender por uma Alegria
Rasga as asas da vida;
Aquele que beija a Alegria enquanto ela voa
Vive no amanhecer da Eternidade.
Auguries of Innocence
Ver um mundo num grão de areia
E um céu numa flor selvagem
É ter o infinito na palma da mão
E a eternidade numa hora.
(...)
-William Blake, Songs and Ballads
sábado, março 03, 2012
quarta-feira, fevereiro 08, 2012
terça-feira, fevereiro 07, 2012
A Eternidade
Ela foi encontrada.
O quê? - A Eternidade.
É o mar a ir-se
Alado com o sol.
Alma sentinela,
Confessemos num murmúrio
A profunda nulidade da noite
E, do dia, a labareda incendiada.
Dos sufrágios humanos,
Das paixões vulgares
Te libertando, voas
Seguindo teu próprio traço.
Já que só de vós
Brasas de cetim,
O Dever se exala
Sem que alguém exclame: calem-se.
Em vós, nem esperança,
Nem promessas algures;
Com saber e perseverança, unidos,
Inexorável, só a tortura tortura.
Ela foi encontrada.
O quê - A Eternidade.
É o mar a ir-se
Alado com o sol.
Arthur Rimbaud
segunda-feira, fevereiro 06, 2012
sábado, dezembro 17, 2011
Filme Mr. Nobody-(Oblivion)
Sinopse:
Num futuro não muito distante, Nemo tem 120 anos de idade e é o último mortal a conviver com pessoas imortais. Durante esse período, ele relembra os seus anos reais e imaginários de casamento (...)
É uma história sobre possibilidades e como as nossas vidas podem ser diferentes caso uma escolha seja diferente.
Retirado de:
cinemaeargumento.wordpress.com
sexta-feira, dezembro 16, 2011
Numa ânsia de ter alguma cousa,
Divago por mim mesmo a procurar,
Desço-me todo, em vão, sem nada achar,
E a minh' alma perdida não repousa.
Nada tendo, decido-me a criar:
Brando a espada: sou luz harmoniosa
E chama genial que tudo ousa
Unicamente à fôrça de sonhar...
Mas a vitória fulva esvai-se logo...
E cinzas, cinzas só, em vez do fogo...
-Onde existo que não existo em mim?
..........................
..........................
Um cemitério falso sem ossadas,
Noites d' amor sem bôcas esmagadas-
Tudo outro espasmo que princípio ou fim...
Mário de Sá-Carneiro, in 'Dispersão'
quinta-feira, dezembro 08, 2011
Swans-You Know Nothing (White Light from the Mouth of Infinity)
And nothing is written in the book, reality is made by you
And every lie that you pursue, eventually turns true
And I was told that your eyes would shine, a light up into space
And infinity would then consume this ordinary place
You know nothing, you know nothing at all
How could you know, you'll never know anything at all
You'll never know, you'll never know anything at all
You know nothing, you know nothing at all
I saw you standing in the fire, beneath a crimson moon
The ocean whispered on the sore, and echoed in the ruins
Inside your body is a clear blue light, and time was made from this
Your shadows swallow everything it feels.
You punish us with bliss
You know nothing, you know nothing at all
How could you know, you'll never know anything at all
You'll never know, you'll never know anything at all
You know nothing, you know nothing at all
sábado, março 19, 2011
domingo, dezembro 19, 2010
Grande Fuga op.133 de Beethoven
Desde a Abertura, com as suas impressionantes oitavas, é-se atordoado por uma violência que será a da primeira exposição. Mas é-se ainda mais impressionado pela formidável unidade desta composição, grandiosa síntese de três formas fundamentais: a fuga, a variação e a sonata em três andamentos! A audácia desta Grande Fuga "que será moderna até ao final dos tempos" (Stravisnky), é assombrosa. A altitude onde nos faz subir o pensamento beethoveniano é exaustiva para as sensibilidades friorentas; mas a inteligência pode aí reencontrar o sublime.
- Roland de Candé; As Obras-primas da Música 1. De Machaut a Beethoven
quarta-feira, novembro 03, 2010
Todas as teorias, todos os poemas
Duram mais que esta flor.
Mas isso é como o nevoeiro, que é desagradável e húmido,
E maior que esta flor...
O tamanho, a duração não têm importância nenhuma...
São apenas tamanho e duração...
O que importa é a flor a durar e ter tamanho...
(Se verdadeira dimensão é a realidade)
Ser real é a única coisa verdadeira do mundo.
Alberto Caeiro, Heterónimo de Fernando Pessoa
in "Poemas Inconjuntos"
segunda-feira, novembro 01, 2010
La double vie de Véronique (Espectáculo de Marionetas), Filme de K. Kieślowski (1997)
Biografia do realizador
A carreira de Kieślowski divide-se entre a fase polaca e a francesa. Depois de concluir a faculdade, o jovem director começa a produzir documentários. A vida dos trabalhadores e dos soldados era o foco principal desses filmes. A narrativa dos documentários passa a influenciar os primeiros filmes de ficção do director. "A Cicatriz", "Blind Chance" e "Amador" são exemplos desse estilo.
Mais tarde, Krzysztof Kieślowski realizou para a Televisão Polaca uma série de filmes baseados nos Dez Mandamentos (chamada Decálogo) - um filme por mandamento, todos tratam de conflitos morais. Dois deles foram posteriormente produzidos, transformados em longas-metragens: Não Matarás e Não Amarás. A forma de contar a história muda nesta fase. O director passa a usar uma quantidade mínima de diálogos, concentrando-se no poder da imagem e das cores. As palavras são substituídas por uma poesia imagética.
O cineasta aprimora o estilo ao realizar os seus próximos filmes. Os quatro últimos filmes do director foram realizados através de uma produção francesa: "A dupla vida de Véronique" (com Irène Jacob) e a Trilogia das Cores (A liberdade é azul, A Igualdade é Branca e A Fraternidade é Vermelha). A trilogia das cores foram os filmes que deram um maior sucesso comercial ao director. São baseados nas cores da bandeira francesa e no slogan da revolução do país. O toque de Kieślowski está na sua representação das palavras liberdade, igualdade e fraternidade e na forma que as cores dão o ambiente psicológico da história. Outro ponto interessante é reparar no cruzamento de elementos em comum entre os três filmes.
Retirado de: wikipédia
quarta-feira, outubro 27, 2010
terça-feira, outubro 19, 2010
Mito da Caverna de Platão

A Alegoria da Caverna traduz o essencial do pensamento de Platão, tanto no domínio do conhecimento como no da acção. Sócrates descreve os "estranhos prisioneiros" que se "assemelham a nós próprios". Desde a mais tenra infância os homens estão acorrentados numa caverna obscura e olham em frente, sem poderem virar a cabeça noutra direcção. Aquilo que contemplam, na parede da caverna que se ergue diante deles, não é mais que uma projecção de sombras. Modernamente, isto parece uma evocação exacta do dispositivo do cinema!... Os prisioneiros são, pois, os espectadores de um filme que tomam pela realidade. Ignoram a existência da cabine de projecção, e sobretudo ignoram que ela vem do mundo exterior, onde se encontram as verdadeiras coisas. Se se remover da caverna um desses prisioneiros-espectadores, ele irá sofrer. Será preciso obrigá-lo a subir os degraus que conduzem à saída. Lá fora, ficará deslumbrado pela luz. Quando os seus olhos se habituarem à luz, ele poderá enfim contemplar as realidades das quais apenas conhecia as sombras, bem como o sol que lhes dá a visibilidade.
Platão dá-nos pois a entender que este mundo em que vivemos não é mais do que o reflexo de um outro mundo, mais real ainda. O filósofo, prisioneiro resgatado da caverna, encontra o acesso a esse universo inteligível. E uma vez lá fora descobre aquilo que equivale ao Sol no mundo real: a ideia do Bem (o Uno-Bem-Belo) que ilumina todas as outras coisas.
-Introdução de Roger-Pol Droit, Platão, Colecção Grandes Filósofos
quarta-feira, outubro 06, 2010
Existencialismo de Sartre

"O existencialismo ateu, que eu represento (...) declara que se Deus não existe, há ao menos um ser no qual a existência precede a essência, um ser que existe antes de poder ser definido por algum conceito e que esse ser é o homem ou, como diz Heidegger, a realidade humana. O que significa aqui que a existência precede a essência? Isso significa que, primeiramente, existe o homem, ele deixa-se encontrar, surge no mundo, e que ele só se define depois. O homem tal como o concebe o existencialista não é definível porque, inicialmente, ele nada é. Ele só será depois, e ele será tal como ele se fizer. Assim, não existe natureza humana, já que não há Deus para concebê-la. O homem é apenas não somente tal como ele se concebe, mas tal como ele se quer, e como ele se concebe após existir, como ele se quer depois dessa vontade de existir - o homem é apenas aquilo que ele faz de si mesmo. Tal é o primeiro princípio do existencialismo."
Jean-Paul Sartre, O Existencialismo é um Humanismo
segunda-feira, setembro 21, 2009
Ravel-Jeux d' eau; Sviatoslav Richter, piano
"Jeux d'eau, de 1901, está na origem das novidades pianísticas que podem descobrir-se nas minhas obras. Esta obra, inspirada pelo som da água e pelos sons musicais que sugerem o deslize das águas, as cascatas e os riachos, é baseada em dois motivos à maneira de um primeiro andamento de sonata, sem, no entanto, sujeitar-se ao plano tonal clássico."- Maurice Ravel
domingo, março 01, 2009
Sabedoria
-Introdução de Étienne Gilson ao Discurso do Método de Descartes
Em geral, estudantes e estudiosos de todos os tipos e de qualquer idade têm em mira apenas a informação, não a instrução. Sua honra é baseada no facto de terem informações sobre tudo, sobre todas as pedras, ou plantas, ou batalhas, ou experiências, sobre o resumo e o conjunto de todos os livros. Não ocorre a eles que a informação é um mero meio para instrução, tendo pouco ou nenhum valor por si mesma, no entanto é uma maneira de pensar que caracteriza uma cabeça filosófica.
- Arthur Schopenhauer, Parerga e Paralipomena
"Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância."
-Sócrates
"Pouco conhecimento faz que as criaturas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes. É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o céu, enquanto que as cheias as baixam para a terra, sua mãe."
- Leonardo da Vinci
"É sábio o homem que pôs em si tudo o que leva à felicidade ou que dela se aproxima"
- Sócrates
"A sabedoria é a arte de subir ao mais alto de si."
-Gilberto Amado
domingo, fevereiro 01, 2009
Richard Strauss-Morte e Transfiguração, op.24-Final (Berliner Philharmoniker,dir. Karajan)
Este poema sinfónico foi pensado a partir de 60 versos escritos por Alexander Ritter. Mais tarde, Romain Rolland escreveu o seguinte texto pensado como programa sinfónico:
Num miserável quarto, alumiado por uma lamparina, um doente jaz no seu leito. A morte aproxima-se no silêncio apavorante. O infeliz sonha de tempos a tempos e apazigua-se nas suas recordações. A sua vida repassa perante os seus olhos: a sua infância inocente, a sua juventude feliz, as lutas da idade madura, os seus esforços para atingir o objectivo sublime dos seus desejos, que lhe escapa sempre. Continua a persegui-lo e crê tê-lo finalmente alcançado; mas o martelo da morte quebra o seu corpo e a noite estende-se sobre os seus olhos. Ressoa então no céu a palavra de salvação a que em vão aspirava sobre a terra: Redenção, Transfiguração!
sexta-feira, janeiro 23, 2009
sábado, novembro 08, 2008
segunda-feira, novembro 03, 2008
O Eterno Retorno de F. Nietzsche
E se um dia ou uma noite um demónio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vive-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio.
A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira! (...)
Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse:a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?"
domingo, outubro 26, 2008
Gaspard de la Nuit- Ondine- M. Ravel; Argerich, piano
Ravel fez assim preceder cada peça pelo correspondente poema de Aloysius Bertrand(...)
Sobre um trémolo muito igual de fusas em ppp na mão direita, Ondina canta uma melodia falsamente ingénua, terna e inútil já que o poeta está apaixonado; ele não escuta a sedutora. Num grande crescendo ela torna-se insistente; depois, despeitada por lhe preferirem uma mortal, ela derrama algumas lágrimas, rebenta a rir e desaparece numa enxurrada.
- Roland de Candé; As Obras-primas da Música 2. De Rossini a Berg
Poema em prosa Ondine, de Aloysius Bertrand, que inspirou Ravel na escrita da obra Gaspard de la Nuit:
Ondine
- « Écoute! - Écoute! - C'est moi, c'est Ondine qui frôle de
ces gouttes d'eau les losanges sonores de ta fenêtre illuminée par les mornes rayons de la lune; et voici, en robe de moire, la dame
châtelaine qui contemple à son balcon la belle nuit étoilée et le beau lac endormi.
« Chaque flot est un ondin qui nage dans le courant, chaque
courant est un sentier qui serpente vers mon palais, et mon palais est bâti fluide, au fond du lac, dans le triangle du feu, de la terre et de l'air.
« Écoute! - Écoute! - Mon père bat l'eau coassante d'une
branche d'aulne verte, et mes s¦urs caressent de leurs bras d'écume les fraîches îles d'herbes, de nénuphars et de glaïeuls, ou se moquent du saule caduc et barbu qui pêche à la ligne. »
*
* *
Sa chanson murmurée, elle me supplia de recevoir son anneau à
mon doigt, pour être l'époux d'une Ondine, et de visiter avec elle son palais, pour être le roi des lacs.
Et comme je lui répondais que j'aimais une mortelle, boudeuse
et dépitée, elle pleura quelques larmes, poussa un éclat de rire, et
s'évanouit en giboulées qui ruisselèrent blanches le long de mes
vitraux bleus.
quinta-feira, outubro 16, 2008
domingo, outubro 12, 2008
Final Sinfonia nº2 "Ressurreição" de Mahler; dir. Bernstein
Jorge de Sena, em 1967, escreveu o seguinte poema sobre esta música:
MAHLER: SINFONIA DA RESSURREIÇÃO
Ante este ímpeto de sons e silêncio,
ante tais gritos de furiosa paz,
ante o furor tamanho de existir-se eterno,
há Portas no Infinito que resistam?
Há infinito que resista a não ter portas
para serem forçadas? Há um paraíso
que não deseje ser verdade? E que Paraíso
pode sonhar-se a si mesmo mais real que este?